Ainda não está seguro em viajar de avião? Confira o que os cientistas e as empresas falam sobre a pureza das aeronaves
Nós sabemos que muitos querem dá uma escapada para relaxar com sua família, porém, tem medo de entrar no avião por ser uma ambiente fechado, e logo acaba desistindo da viagem. Mas e se o ar das aeronaves for ainda mais seguro do que quando você vai ao mercado? Será que os filtros de ar dos aviões efetivamente eliminam o coronavírus? Continue lendo e confira você mesmo sobre o Ar Hepa.
Como o ar é filtrado dentro dos aviões?
Os aviões modernos são equipados com filtros de ar particulado de alta eficiência, idênticos aos que os hospitais utilizam em ambientes monitorados, como centros cirúrgicos e unidades de terapia intensiva. O ar no avião é coletado fora da aeronave e constantemente renovado. Uma parte (de 30% a 50%) dele é reciclada para manter a temperatura e a umidade nos níveis corretos. E todo esse ar passa pelos filtros HEPA antes de ser liberado na cabine.
A tecnologia HEPA (High Efficiency Particulate Air filter) foi criada em 1940. Utiliza fibras muito unidas que retêm as impurezas do ar, removendo-as de circulação. Entre elas, micropartículas que poderiam transportar o coronavírus. O Covid-19 varia de 0,08 a 0,16 micrômetro, sendo de 8 a 16 vezes maior do que a faixa de partícula que os filtros HEPA capturam, de 0,01 micrômetro para cima.
Esses filtros são eficientes não apenas contra diferentes tipos de vírus. Eliminam também poeira, bactérias, fungos, ácaros, umidade e qualquer outro tipo de contaminação que possa potencialmente prejudicar passageiros e tripulantes. E com uma eficiência impressionante, de 99,99%. Mesmo as partículas mais difíceis, na faixa de 0,1 a 0,3 micrômetro, são filtradas dentro desse nível de eficiência. Isso porque utilizam o HEPA utiliza três diferentes processos de filtragem, de impacto, de difusão e de interceptação.
Ar renovado a cada dois minutos
O engenheiro chefe da Airbus, Jean-Brice Dumont, argumenta que as aeronaves foram projetadas para ter um ar extremamente limpo. “A cada dois ou três minutos todo o ar é renovado. São 20 a 30 vezes por hora”, destacou. O que oferece uma atmosfera muito mais segura e limpa do que a de qualquer escritório, banco, supermercado ou shopping center, por exemplo, ou mesmo do que outros meios de transporte, como ônibus, trem ou metrô.
O fluxo de ar das aeronaves também foi projetado para minimizar os riscos de infecção, explica Dumont: “O ar flui verticalmente. É soprado por cima da cabeça dos passageiros e expelido por baixo dos pés. Isso torna o nível de propagação de qualquer coisa no ar bastante limitado.”, enfatiza. Segundo estudos dos fabricantes, esse movimento vertical do ar forma uma barreira protetora entre as fileiras, tornando altamente improvável que o vírus possa passar entre passageiros sentados na frente ou atrás um do outro. Combinado com o uso de máscaras pelos passageiros, proporcionaria um nível de segurança bastante elevado.
Na imagem abaixo, apesar do conteúdo em inglês, é possível ver o esquema de ventilação dentro do avião, com a direção do ar:
Uma vez capturados por esses modernos filtros de ar, bactérias e vírus enfrentam uma umidade relativa do ar muito baixa, próxima de 10%, o que impede a sua sobrevivência. Além disso, os filtros HEPA são trocados periodicamente, conforme a orientação dos fabricantes.
Portanto, é um mito que os aviões são espaços confinados com alto risco de propagação de doenças infecciosas. O que talvez cause essa impressão é que o avião acaba sendo um ambiente muito seco. Na altitude em que a maioria das aeronaves voa o nível de umidade é extremamente baixo. E essa secura na boca e no nariz pode causar uma irritação nas pessoas mais sensíveis, que podem tossir ou espirrar depois de um voo. Aí ficam pensando que isso aconteceu por causa de algum vírus ou bactéria que adquiriram dentro do avião.
Mas será que os filtros HEPA são suficientes?
Foram realizados alguns estudos sobre o potencial de contaminação durante um voo. Infectologistas descobriram que a barreira de fluxo regular de ar dos aviões (que joga o ar de cima para baixo) pode ser interrompida por passageiros ou tripulantes de cabine que deixam seus assentos e andam pelos corredores. Essa ação poderia alterar a direção das partículas transportadas pelo ar, com um risco (ainda que baixo) de levar o vírus de um passageiro para o outro antes que ele passasse pela filtragem.
Mas os estudiosos são quase unânimes ao afirmar que o maior risco de transmissão de Covid-19 dentro de um avião estaria na interação de curta distância com uma pessoa infectada, como uma conversa frente a frente. Estando mais distante, o risco é menor, mas não completamente eliminado. Isso porque, com alguém caminhando nos corredores, algumas gotículas poderiam ficar suspensas e viajar até 16 metros antes de serem filtradas.
Sem casos de transmissão em voos
Já a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) argumenta que precauções simples, como o uso de máscaras por passageiros e tripulantes, junto com a orientação de conter tosses ou espirros com os cotovelos, minimizam esses riscos quase por completo.
A IATA se baseia inclusive em estudos de rastreamento de contato realizados durante a pandemia, que não revelaram transmissão a bordo. Uma análise detalhada de 1.100 passageiros que tiveram Covid-19 confirmada após viagens aéreas não revelou transmissão secundária entre os mais de 100 mil passageiros nos mesmos voos. Apenas dois possíveis casos foram encontrados entre os membros da tripulação, mas sem evidências que tenha sido dentro do avião. Além disso, a comunicação com as companhias aéreas sobre casos similares indicaria os mesmos resultados, de acordo com a Associação.
Outro ponto a ser considerado são as superfícies do avião, como compartimentos de bagagem, mesas de refeição, apoio para os braços, monitores de entretenimento, revista de bordo, entre outros. Nesse caso, o risco é um passageiro contaminado deixar o vírus nesses locais, que precisariam ser desinfetados ou não tocados pelo próximo passageiro. Para se contaminar o viajante teria que encostar nessa superfície contaminada e depois levar as mãos a boca, a parte interna do nariz, ou aos olhos antes de lavar ou desinfetar com álcool. Nesse sentido, as principais companhias aéreas do mundo têm redefinido procedimentos de limpeza para garantir uma aeronave limpa a cada etapa. Mas isso não exime o passageiro de se precaver, tomando ele mesmo as precauções necessárias.
O polêmico bloqueio do assento do meio
A maior polêmica entre o setor aéreo e os cientistas se dá em relação ao distanciamento social dentro dos aviões, com o bloqueio dos assentos do meio. Os fabricantes de aeronaves e algumas companhias aéreas e infectologistas entendem que essa medida elevaria o preço das passagens em até 54%, sem oferecer como contrapartida um nível de segurança significativamente maior para o passageiro. O entendimento é que o próprio assento do avião serve como uma barreira física de proteção. E isso junto com o uso da máscara e os protocolos de limpeza e desinfeção postos em prática pelas empresas formariam barreiras suficientes para garantir um ambiente muito mais seguro do que qualquer outro. Por outro lado, alguns virologistas argumentam que qualquer medida que contribua mesmo que de forma limitada para minimizar o risco de contágio deveria ser tomada nesse momento.
No meio dessa discussão, outro risco acaba não recebendo a devida atenção por parte dos passageiros. É o de contaminação nas demais etapas de uma viagem, como no aeroporto, por exemplo. Ao fazer o check-in, despachar a bagagem, comer numa lanchonete ou mesmo no momento do embarque, o passageiro está lidando com um ambiente sem esse tipo de filtragem de ar, como qualquer outro. Por isso, os cuidados devem ser redobrados, sendo o uso da máscara muito importante para diminuir o risco de contaminação. Isso também se aplica quando estiver no carro ou no transporte público indo ou voltando do aeroporto, num restaurante ou numa atração turística. Afinal, não dá pra sair dando bobeira por aí e depois querer colocar a culpa no avião!
Por fim, os cientistas destacam que ainda se sabe relativamente pouco sobre o coronavírus. As orientações atuais foram feitas com base nos estudos e no conhecimento disponível. Dessa forma, não é possível assegurar com 100% de certeza que não existe risco de contaminação dentro de uma aeronave. Apenas que é menos provável que você se contamine dentro de um avião, do que em outro local que você visite com frequência.
Todas as aeronaves são equipadas com filtros HEPA?
Segundo a IATA, todas as aeronaves dos principais fabricantes, como Airbus, Boeing, Embraer e ATR possuem filtros HEPA. Isso inclui, felizmente, todos os modelos usados na aviação comercial no Brasil.
No entanto, alguns aviões pequenos com cabine não pressurizada e modelos muito antigos não são equipados com essa tecnologia. Por exemplo, num antigo MD-80, a eficiência da filtragem de ar é de apenas 40%. Esse modelo ainda opera nos Estados Unidos, na frota da Delta Airlines, bem como no Irã, Venezuela, México e no Caribe.
Turboélices de pequeno porte utilizados na aviação executiva também não possuem essa tecnologia de filtragem.
Por fim, a Boeing lançou um site dedicado ao tema viagem segura.
Fonte: Melhores Destinos
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